Uma Reviravolta para o Reagan
Kate Azumah
Reagan nunca tinha saído da cidade de Kumasi em toda a sua vida. Por isso, no dia em que embarcou num autocarro para o campo missionário longe de casa foi um grande dia. Ao chegar a Tamale, descobriu que o autocarro para Gbintre circulava uma vez por dia. Não perdeu o autocarro, mas gostaria de o ter perdido. Primeiro, pela forma como o autocarro abanava! Cada parte do seu corpo vibrava. Depois veio a chuva e, apesar de estar no autocarro, ficou completamente encharcado.
A hora prevista de chegada 21 horas passou a ser meia-noite. Dormiu em Gbintre, e continuou a viagem no dia seguinte. Estava à espera de um bom carro para o transportar a ele e ao seu colega de equipa, Joseph, que viajou com ele de Kumasi, até ao destino final. Em vez disso, partilharam um triciclo sem teto com mulheres do mercado que falavam uma língua estranha e olhavam fixamente para os dois homens peculiares. Reagan relata: “Quando finalmente aterrámos em Tuna, a aldeia não tinha eletricidade. À noite, a escuridão era tão densa que eu mal via os rostos das pessoas. Não pude deixar de o admitir – a minha mãe tinha razão. Este é um sítio de sofrimento e eu nunca devia ter vindo”
O chamado do Reagan
Reagan Opoku Agyeman formou-se na Universidade de Ciência e Tecnologia Kwame Nkrumah, em Kumasi, no Gana, com um diploma de bacharel de Ciência em Administração de Empresas. “O meu amigo Razak falou-me de uma oportunidade de fazer trabalho missionário por um ano durante o meu Serviço Nacional. Decidi ir como um acto de simples obediência. Também pensei que seria divertido; a ideia de uma aventura numa terra longínqua atraiu-me.”
Preocupações da família
Tentei preparar os meus pais para aquilo em que me tinha inscrito. Sabia que se lhes dissesse que ia fazer missões, a sua reação seria um ‘não’ absoluto. Por isso, pus-lhes na
A mãe ficou zangada; o pai, os primos, as tias e as avós protestaram.
cabeça a ideia de que, como me tinha especializado em Gestão de Agronegócios, servir no Norte seria uma vantagem profissional. A minha mãe disse que não se importava – tinha-a conquistado.”
O destacamento chegou e o Reagan foi enviado para a aldeia remota de Tuna, no distrito de Bunkpurugu, na Região Nordeste. “A mãe ficou zangada; o pai, os primos, as tias e as avós protestaram. A irmã mais nova da minha mãe lutou comigo e disse que não me deixaria ir. Um amigo perguntou-me porque é que eu estava a ser tão tolo. ‘Não há almas em Kumasi? Porque é que tens de ir até ao Norte para ganhar almas para Cristo?’ A hostilidade era real. Eu disse-lhes que era só por um ano, mas eles não se acalmaram”.
Reagan deixou a casa e foi para seis semanas de treino missionário. A sua família não o impediu, mas os seus problemas ainda não tinham terminado. “Enquanto eu estava na escola missionária, o meu pai telefonou-me uma madrugada. Pediu-me para voltar para casa. Ele estava muito sentimental, e eu também estava”. A mãe de Reagan, Mama Anna, explica: “Nenhum de nós ficou contente com a notícia. Tínhamos ouvido rumores sobre a volatilidade do Norte. Temíamos pela segurança dele”. O pai de Reagan também esperava que o seu primogénito arranjasse um bom emprego e sustentasse financeiramente a família.
Vida missionária
Para Reagan, ir para o Norte era em parte uma aventura, mas Deus tinha um négocio sério para este jovem. Reagan ensinou na escola primária de Tuna, dirigiu um ministério para crianças, organizou cultos noutras comunidades e, através do ministério do desporto, discipulou muitos rapazes que inicialmente eram difíceis de alcançar.
Reagan e Joseph oraram para a mulher do vizinho, Elias. Enquanto o faziam, ela caiu sob o poder de Deus e começou a suar muito. “Diante dos nossos olhos, ela foi curada instantaneamente! Eu não era uma pessoa muito espiritual, por isso fiquei chocado. Apercebi-me que Deus não me tinha trazido aqui para me divertir, mas para missões reais. Este foi o início de muitos testemunhos.”
Oraram por Sala, uma segunda mulher que queria ter um bebé. Quando deu à luz, pediu-lhes que lhe dessem um nome. “Chamámos-lhe Milagre”, diz Reagan. “Outra mulher com epilepsia veio do Sul para procurar tratamento junto de um padre fetichista do Norte. Pedimoslhe que viesse à nossa aldeia para orar. No dia marcado, toda a sua aldeia veio com ela. Queriam que orássemos também por eles. A mulher está agora completamente boa.”
Sempre que regressava do campo, Reagan partilhava estas histórias com a sua família e mostrava-lhes fotografias e vídeos das suas actividades missionárias. Começavam a ficar mais tranquilos, mas lembravam-lhe a sua promessa de que era só por um ano.
Reagan também passou por momentos difíceis. No seu primeiro aniversário no campo, ficou muito doente. Quando telefonou à mãe, ela disse-lhe “Vem para casa. Nós tomaremos conta de ti”. Reagan ficou. A comunicação por telefone era frustrante. “O único sítio onde conseguia aceder a uma ligação de rede em toda a aldeia era junto a uma árvore. Um pequeno movimento e a conexão se perdia.” A Mamã Anna lamenta este facto como mais uma preocupação para a família. “Não podíamos telefonar-lhe à vontade. Tínhamos de esperar que ele nos contactasse.” Em três meses de estadia, o colega de equipa de Reagan deixou o campo e nunca mais voltou.
Apoio familiar
A embora ganhasse pouco, Reagan enviava frequentemente dinheiro aos seus pais e irmãos. Eles ficaram satisfeitos com os seus esforços. Depois de completar um ano na Operation Serve , juntou-se à OneWay Africa (Um só caminho África) como missionário a tempo inteiro. Está actualmente no seu quarto ano, e viaja na sua mota mostrando o Filme de Jesus às comunidades Gonja menos alcançadas no norte do Gana.
Eles vêem que algo de bom resultou disto.
Reagan conta agora com um maior apoio da sua família. Eles oram por ele, e ajudam financeiramente o seu ministério. Recentemente, organizou uma festa de Natal para a sua aldeia, e as suas tias enviaram dinheiro e roupas bonitas para as crianças. “Elas vêem que algo de bom resultou disto. Quando me inscrevi na OneWay, eles permitiramme cumprir o chamado de Deus.”
Os pensamentos do uma mãe
A preocupação com a segurança do Reagan tinha inquietado a Mamã Anna. Hoje, revela: “Mais tarde, voltei a pensar no assunto e orei. Percebi que é Deus que o protege, não nós. Estamos contentes por ele estar a ganhar o suficiente para cuidar de si próprio. Há muitos licenciados sem emprego que ainda dependem dos pais para se sustentarem. Além disso, a riqueza não é tudo. As missões são um bom trabalho, por isso estamos a orar e a apoiá-lo.”
A Mamã Anna teve oito abortos espontâneos antes do Reagan. Ela aconselha os pais: “Libertar o vosso filho para o desconhecido não é fácil, mas vocês não têm o poder de o proteger. Eles poderiam ter escolhido um caminho que vos traria problemas e mágoas. Se eles escolherem missões, ore por eles e apoie-os”. Reagan conclui que a reviravolta com a sua família foi a intervenção de Deus em seu favor.
ORE POR
•Que as comunidades Gonja menos alcançadas conheçam a Cristo.
•Deus mantenha Reagan e todos os missionários alcançando os Gonjas.
•A graça e a paz de Deus para os pais dos missionários.